No início do século XX, o MRE contou com o trabalho de Rio Branco, o patrono da diplomacia brasileira. Seu objetivo: defender os objetivos nacionais, tais como, uma supremacia compartilhada na América do Sul, preservação da soberania, favorecimento da agro-exportação...
Como continuidade de uma política já iniciada na república, Rio Branco permaneceu com seus objetivos de aproximação com os Estados Unidos, que surgia neste momento como nova potência mundial. Esse alinhamento serviu para alcançar os objetivos do MRE, que prezavam essa aliança estratégica, tanto para os EUA, por causa dos recursos e posição estratégica no continente sul-americano, quanto para o Brasil, que tinha os EUA como grande mercado consumidor.
Ao contrário do que alguns países da America Latina pensavam, Rio Branco pode enxergar uma grande oportunidade para as relações internacionais do Brasil quando Roosevelt reformulou a Doutrina Monroe, criando o Corolário Roosevelt. A possibilidade da proteção da potência americana aos países da América contra o Imperialismo Europeu foi muito importante para a política externa do MRE frente ao alinhamento com os EUA. Para o Brasil a amizade norte-americana não só assumia um caráter defensivo preventivo, como lhe permitia jogar com mais desembaraço com seus vizinhos. Ademais, Rio Branco não via a possibilidade de formação de um bloco americano contra os EUA.
Como vantagem dessa aliança quase íntima, o MRE contava com um apoio militar que o Brasil nunca poderia ter. Conquistando a confiança norte-americana, o Brasil conseguiria uma maior autonomia para resolver suas questões na América Latina, sem ter de se preocupar com uma possível intervenção americana contra seus interesses em questões bilaterais, como foi com a Argentina, mas também nas questões de fronteira. A aliança dava mais liberdade para negociar com as nações sul-americanas.
Um grande feito do Rio Branco na diplomacia brasileira foi a incorporação do Acre. Antes de sua ascensão a ministro do MRE, a Bolívia possuía um acordo com os EUA para manutenção da soberania do Acre. Entretanto, esse acordo acabou violando a legislação brasileira de navegação no Amazonas, o que levou ao fracasso do acordo Bolivia-EUA. Como a Bolívia não tinha condições de cuidar do Acre, acabou arrendando a terra por trinta anos, ao Bolivian Syndicate, um grupo de empresas americanas e Européias que iria explorar as riquezas naturais da região, acordo parecido com os acordos imperialistas que estavam ocorrendo na Africa e Asia. Insatisfeitos com esse tipo de companhia em sua fronteira, o Brasil retirou o tratado de navegação do Amazonas com a Bolívia, temendo que esse acordo ganhasse apoio de outros países, o que prejudicaria a soberania brasileira na questão do Amazonas.
Mesmo com a aliança íntima com os EUA, Rio Branco não considerava os EUA apenas um “desinteressado guardião”, no que concerne a soberania da Amazônia. Após alguns levantes no Acre, de brasileiros contra a o Bolivian Syndicate, surgiu o Estado Independente do Acre, após os bolivianos se renderem. Com o levante brasileiro no Acre o consórcio de arrendamento para as empresas americanas se tornou inútil e caduco, o que favoreceu as negociação brasileiras para um destrato indenizado pelo Brasil com as empresas consorciadas.
Após o fim do consórcio, com o Acre já “tomado” por brasileiros, a Bolívia por não ter condições de arcar com o território, aceita as negociações de cessão do território acriano. Foi “comprado” por por 2 milhões de libras-ouro, mais uma parte do território e a garantia de navegação do Amazonas e a construção de uma ferrovia que a Bolívia teria livre-trânsito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário