segunda-feira, 9 de agosto de 2010

China: o mistério da vez

A revista The Economist está desenvolvendo um debate internacional acerca da China. A questão é se a China oferece um modelo de desenvolvimento melhor do que o dos Estados Unidos. O debate está acirrado e os argumentos, tanto positivos quanto negativos são fortes e bem sustentados. Mas essa situação me traz a mente uma frase que tenho ouvido muito recentemente nas aulas de RIs. O fim do capitalismo. Talvez por ter sido nascida e criada na era de ouro do capitalismo essa idéia pareça um pouco fora da realidade, mas, tudo tem um início e um fim. Se estudiosos já pensam em considerar o desenvolvimento chinês como padrão melhor que o americano, é porque a possibilidade de outro mercado existir não é tão remota assim. Parece-me então, uma nova luta do socialismo X capitalismo, mas agora, ou pelo menos ainda, não em busca de influência, mas por eficácia ou poder econômico.
Um dos grandes fatores que revelou, ou deixou mais a mostra o desenvolvimento dos países emergentes (embora a China não aceite essa nomenclatura), foi a última crise financeira mundial, em 2007/2008. Enquanto os “grandes” países do mundo desmoronavam em torno do mercado financeiro, sua fortaleza de areia, a China, grande parte por conta do seu isolacionismo e talvez até pelo seu regime autoritário, conseguiu “segurar as pontas”, e manter seus padrões de crescimento, recuperando-se quase que milagrosamente da Crise. Como o Brasil, que enfrentou a crise como uma “marolinha”, nas palavras do presidente Lula.
Acredito que não seja só no Brasil, mas os produtos chineses têm invadido os mercados nacionais e, como avisado pelo Presidente do BNDES, Luciano Coutinho, isso deve ser um motivo de preocupação e uma espécie de empurrão para investimentos e iniciativa de desenvolvimento tecnológico e inovações no mercado brasileiro, para que este não sucumba em termos de potencial competitivo no mercado internacional.
A China vem crescendo como um monstro. Sua atuação no mercado internacional tem sido cada vez maior e cada vez com menos concorrência. Talvez não seja justo comparar as condições de produção na China e no Brasil por exemplo. Sabe-se que as preocupações ambientais e com o bem-estar do trabalhador por lá não são lá grandes coisas. Entretanto, talvez pela sua tradição milenar e pela égide do seu governo, a China tem uma cultura enraizada de comprometimento e de trabalho. É pequena a parcela da população que não trabalha, mesmo que seja em casa. O país tem educação de qualidade, e até os presidiários trabalham, conta a lenda, em vez de receberem auxílio-reclusão.
Como muitos estudiosos dizem internacionalmente, a China é única. Não se pode criar um modelo de desenvolvimento segundo a China, pois nenhum outro país no mundo teria a estrutura interna, e a cultura do povo chinês, para enfrentar esse “modelo de desenvolvimento”. Este é resultado de alguns mil anos de grandes experiências como país pioneiro em desenvolvimento tecnológico e Relações Internacionais.

(por Ana Carolina Monteiro)

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